quinta-feira, 12 de março de 2009

A Roda do Ano


Nascimento, crescimento, morte, renascimento: a roda que gira é um círculo, assim como o ano é uma viagem circular que fazemos em volta do sol.


Os SabbatsA Natureza é a própria manifestação dos Deuses e, dessa forma, nada mais lógico do que celebrar as mudanças que ocorrem nela – os ciclos de vida, morte e renascimento. Existem, oito datas distintas, porém interligadas, durante o decorrer da Roda nas quais os ciclos da Natureza são celebrados. Essas datas são chamadas de Sabbats, divididos entre Maiores (fixas) e Menores (variando de acordo com os equinócios e solstícios).


Imbolc

Assinala o fim do inverno e o próximo despertar da Natureza que esteve morta durante os meses de inverno. É tempo de fazer purificações, visando expulsar as trevas. Iniciamos um período de aumento de calor, a vida retorna lentamente aos campos e é tempo de preparar o terreno, tanto interior como exterior para tudo o que pretendemos plantar e colher no ano que se inicia. Enquanto as marés de energia ganham força e crescem, tudo o que foi projetado e planejado vai se tornado realidade. A purificação realizada nessa fase visa preparar nosso interior, esvaziando-o de todas as cinzas do ano passado e preparando-o para empreender o novo. O Deus nessa fase representa o calor do sol que começa a renascer, ainda fraco, iluminando pouco o mundo, mas já com a promessa de trazer a fertilidade e a nova vida.


Equinócio de Primavera ou Ostara

Dias e noites têm igual duração. O que significa que a Lua e o Sol percorrem juntos o firmamento – O Deus e a Deusa estão mais próximos um do outro. Este é um Sabá de fertilidade, é a época do plantio, tanto nos campos quanto principalmente em nosso interior. Durante esse período a terra será preparada para receber as sementes. No plano pessoal tudo aquilo que foi planejado e arquitetado, para ser realizando no ano que começa é a partir de agora semeado para que frutifique, utilizando o poder do Ano Crescente.


Beltaine

Um Sabá de cunho notadamente sexual. O Sol, cujo poder de luz e calor aumenta cada vez mais, penetra a terra, impregnando-a com as sementes que frutificarão (plantio). Inicia-se a época de maior plenitude na Natureza, período em que s mares energéticas de crescimento e poder deverão ser utilizadas para tudo aquilo que queremos construir e engrandecer.


Solstício de Verão, Meio do Verão ou Litha

O dia mais longo do ano e assinala o auge de poder do Sol, a plenitude da abundancia. Representa a materialização de todas as esperanças. Todos os projetos e pretensões que haviam sido lançados desde a época do plantio começam a se tornar realidade. Notamos, desse, modo que o ritual do Meio do Verão é um processo de transição – as realizações ainda não foram colhidas, mas estão quase maduras para tal. Como tempo de transição, ao mesmo tempo em que atingimos o ápice da Roda, atingimos o seu declínio, o início do Ano Decrescente que culminará no Solstício de Verão (Yule).


Lughnasadh ou Lammas

Com a chegada do outono começa a primeira colheita, registrando o sacrifício divino em prol da humanidade. O Deus doa o seu poder, assumindo o papel de mantenedor e protetor da vida. Representa o trigo maduro a espera do corte, que é ceifado e transformado em pão. O trigo e a uva representam muito bem esse momento místico, pois são transformados em pão e vinho, corpo e sangue do Deus sacrificado. Comendo o pão e bebendo o vinho estamos ingerindo a essência divina do Deus de Chifres, que deu sua vida para nos prover de alimentos. Como tempo de colheita percebemos que essa época se traduz em realizações – materiais e espirituais. Já que estamos na maré vazante é um ótimo momento para fazermos com que determinadas coisas que não queremos se afastem, sendo arrastadas pelo turbilhão natural de declínio.


Equinócio de Outono ou Mabon

Marca o fim das colheitas que irão garantir a sobrevivência durante os meses de inverno. As noites e o dia se igualam novamente. É o tempo final de escoamento das forças energéticas, mas num nível perigoso. Utilizar tais energias de declínio requer muita prática. A Natureza começa a perder sua força visivelmente: as árvores perdem suas folhas, os campos estão novamente sem vida e o clima torna-se progressivamente mais frio. Tal recolhimento deverá ser observado em nosso interior, e devemos nos preparar para encararmos um novo ciclo de declínio e morte.


Samhain

Início do tempo de trevas, uma lacuna, época de incertezas sobre o retorno da vida, de longas noites e dias curtos. Indica o fim de um ciclo, a morte deve ser refletida, pois é uma promessa de renascimento. Em termos energéticos a existência parece submergir num buraco negro sem fundo, no qual as tênues cortinas entre os mundos proporcionam uma ligação nítida com os ancestrais e com a própria energia de declínio.


Solstício de Inverno ou Yule

A noite mais longa do ano, um prenúncio do crescimento e revitalização – vida sempre retorna como a semente que rompe a sua casca na escuridão da terra, fazendo surgir a raiz e um pequeno talo. Devemos estar preparados para romper a inatividade, já que a semente representa um estado de latência e imobilidade pelo qual todos nos passamos ao final de um ciclo na vida. A grande dificuldade é romper com a falsa segurança da semente, que tem todas as possibilidades em si mesma de se tornar uma grande árvore. Aqui precisamos fazer a difícil escolha entre permanecermos seguros, protegidos pela cascas, ou enfrentar as dificuldades do lado de fora. Entretanto, na segurança da semente não existe vida. A vida só é possível quando saímos e nos expomos às intempéries.




Na Wicca, todo o ciclo da Roda do ano pode ser compreendido a partir dos processos interiores e psicológicos que vivemos, a medida que vamos caminhando e progredindo no aprendizado. No simbolismo dos Oito Sabás encontramos todas as relações possíveis com o nosso verdadeiro eu, e nos aproximamos mais do Deus de Chifres, que é o caminho para que possamos alcançar a Deusa. Para podermos operar com nossas energias no círculo, precisamos compreender perfeitamente esses fluxos de poder. Unindo nosso poder pessoa as marés energéticas dos ciclos naturais, estaremos promovendo nosso próprio crescimento interior e espiritual.


Uma das primeiras observações de nossos ancestrais foi a passagem dos ciclos naturais, as mudanças das estações que, inegavelmente estavam ligadas à sobrevivência dos clãs. A Roda do Ano é um calendário astral que cultua os eventos ocorridos na natureza em relação ao posicionamento geográfico de um determinado local em função do eixo da Terra, quando de sua órbita solar.


Nascimento, crescimento, morte, renascimento: a roda que gira é um círculo, assim como o ano é uma viagem circular que fazemos em volta do sol. O espírito do sol penetra as sementes da primavera. Invoque a filha semeadora do sol, pois ela crescerá e amadurecerá e dará à luz a si própria. Invoque o filho semeador do sol, pois ele surgirá e se derramará e cairá novamente. Deve-se levar em consideração que os eventos a ela associados não estão ligados unicamente às estações do ano – isto é uma conseqüência. É preciso ter em mente que os hemisférios nunca terão a mesma movimentação em relação a todo o Universo. Movimentação essa que se traduz de forma freqüente e cíclica, os equinócios e solstícios, que se dão em função da órbita da Terra em torno do Sol e do ângulo de inclinação de seu eixo ao longo dessa órbita.


Remontando ao passado, várias culturas investiram tempo em observar e registrar o posicionamento dos astros em relação à superfície da Terra ao longo de um período que eles perceberam ser cíclico, com manifestações naturais consecutivas que apresentavam 4 características distintas entre si, e que se repetiam depois de determinado período de tempo, que futuramente seria conceituado como “ano solar”. Estes estudos geralmente eram tarefas legadas aos Sacerdotes dos grupos e seus registros geraram a Astrologia, milhares de anos mais tarde denominada cientificamente como Astronomia.


Essas manifestações naturais, no que diz respeito à astrologia, transcendiam à questão do posicionamento astral, uma vez que como estas influíam em todos os elementos, gerando uma melhor ou pior caça e colheita, também estariam influindo nos seres humanos em igual intensidade. A grande difusão desse conhecimento se dá a partir do momento em que o homem passa a adotar características sedentárias (10.000 a 5.000 AC), tendo assim uma maior necessidade em conhecer os fenômenos naturais para obtenção de alimentos.

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